Diario da Dayse: Entendendo a Sindrome de Asperger

Oi meninos/meninas,

voce se sente diferente das outras pessoas, mas não sabe porque? Sente como se o mundo la fora fosse algo imcompreensivel? Tem dificuldade em interagir, muitas vezes em entender as pessoas? Prefere ficar em casa fazendo o que já ta acostumado, do que sair e enfrentar esse “mundo” chamado “sociedade”? Parabens, voce tem Sindrome de Asperger.

Há pouco tempo fui diagnosticada com essa síndrome, e confesso que ainda to tentando entende-la bem, (então não me julguem se tiver alguma informação vaga ou imprecisa) e apesar de estar aprendendo a conviver com ela, na verdade eu sempre convivi com ela, sem saber. Desde pequena percebi que era diferente das outras crianças, e por elas era taxada de louca, demente, retardada (embora fosse umas das melhores alunas na escola) ou apenas esquisita. Os adultos perguntavam a minha mãe se “eu tinha algum problema”, por causa do meu comportamento, porem ela simplesmente dizia que eu era “uma pessoa normal”, embora não fosse.

Pois é, pessoas com Asperger de longe parecem pessoas normais, de perto não. Esse transtorno não compromete o desenvolvimento, físico ou mental, porem compromete o comportamento e a interação social da pessoa e esse é o problema.

Caracteristicas

Pessoas com Asperger podem
se tornar verdadeiros gênios
em suas áreas de interesse

A Sindrome de Asperger é um transtorno do espectro autista, e muitas vezes é confundida com o Autismo. As características podem variar muito de pessoa pra pessoa, mas algumas das características mais comuns são:

· Dificuldade na integração social

· Dificuldade em criar e manter relacionamentos

· Interesses limitados

· Desinteresse nos assuntos alheios

· Obsessão em um único assunto

· Dificuldade em interpretar sarcasmo, ironia, metáfora, figuras de linguagem e linguagem corporal

· Falta ou dificuldade em expressar emoções

· Olhar perdido

· Gestos peculiares

· Infantilidade

· Fala e comportamento repetitivos

Muitas dessas características são percebidas logo na infância, quando a criança começa a passar muito tempo com algum objeto ou brinquedo, não procura outras crianças, não responde quando chamam, faz birra, não aceita quando as coisas não são do seu jeito, ri ou chora de maneira inconveniente, não te olha diretamente, não expressa o que sente... Se alguma criança apresentar alguns desses aspectos, pode ser que ela tenha Asperger ou algum transtorno autista, por isso é bom procurar ajuda médica especializada o quanto antes.

TRATAMENTO E AJUDA

Aspie (como a gente chama o “Asperger”), não é uma doença que alguem pega, depois toma remédio e se cura; é uma condição na qual a pessoa já nasce assim, e dificilmente será tratada através de medicamentos (salvo casos onde a pessoa tem outros problemas adjuntos, como ansiedade, agressividade ou depressão). O tratamento é feito a base de terapias e consultas clinicas com psicólogos e psiquiatras especialistas no transtorno.

Existe hoje muitos programas, ONGs, e grupos de apoio a crianças autistas e aspies; sendo a AMA, acredito eu, a mais conhecida. O tratamento logo na infância é fundamental e ajudara a evitar problemas futuros, como depressão, bullying, isolamento, transtornos de humor, traumas e fobias, alem de dificuldades em todos os aspectos (social, profissional e pessoal) na vida adulta.

O mais importante é o apoio e compreensão da família e amigos. É bom entender que os Aspies são pessoas como qualquer outra, que tem sentimentos e querem se socializar, só que não conseguem. Aprender a conviver não é fácil pra ninguém, mas pra quem tem a síndrome isso se torna uma dificuldade alem do normal, bem como todos os aspectos da vida social. É preciso compreender e respeitar essas limitações, ter paciência a ajuda-los a entender o “mundo afora”.

Eu sou um ótimo exemplo de alguém que cresceu sem saber que tinha síndrome de Asperger. Hoje, sou uma pessoa solitária, fechada, medrosa, que não tem amigos, que não para em emprego algum, que não fala com a família, com dificuldade até pra sair de casa. Busco tratamento com os recursos que tenho, e procuro aprender tanto a aceitar essa condição como a lidar com ela, bem como as dificuldades, traumas e problemas emocionais decorrentes de não ter tido nem tratamento, nem apoio, nem orientação quando criança.

Por isso, peço a compreensão de todos, se virem uma criança diferente, meio sem jeito, “esquisitinha”, que não se comunica direito e tal; não a rejeite, a acolha; não a critique, a oriente; não a ignore, de carinho; não a odeie, a ame... Com a ajuda certa ela poderá no futuro ter uma vida “normal”, do seu próprio jeito.